Somos o resultado das nossas escolhas. Não das escolhas feitas no passado, mas das escolhas que fazemos agora… ...
Era a última prova do ano. Quase todos precisavam de mais alguns pontos para obter a aprovação. Tratava-se de um curso que funcionava à noite. Na sua grande maioria, os alunos trabalhavam durante o dia e o cansaço tornava-se visível nos seus rostos. Faltavam apenas 20 minutos para o término da prova e um aluno foi falar com o professor. Gostaria de receber uma nova folha e recomeçar a prova, pois o trabalho estava péssimo. Não seria possível uma nova folha, pois todas estavam identificadas, observou o professor, mas sugeria uma alternativa: escrever no verso da folha.
Aceite a proposta, o aluno colocou uma grande cruz sobre o péssimo trabalho feito, mostrando que estava anulado. Depois recomeçou a prova no verso da folha. À hora certa entregou o trabalho e, para surpresa do professor, recebeu uma das maiores notas.
A vida de cada um nunca é uma obra perfeita. Desde os primeiros dias, acumulamos um conjunto de conhecimentos, a partir de experiências feitas, certas ou erradas. Algumas atitudes são facilmente corrigidas, mas nem todas. A partir de certa idade, damo-nos conta de que não existe uma lógica perfeita na nossa vida. Por vezes atiramos a solução mais para adiante, para um amanhã que não chega nunca. Já na segunda etapa da vida, muitos admitem que é tarde demais e deixam o barco seguir assim como está. Se fosse possível recomeçar, fariam tudo diferente...
A nossa vida é o resultado das decisões assumidas, certas ou erradas. A felicidade é o resultado das decisões certas. E não adianta culpar os outros. Nós mesmos somos os responsáveis pelas decisões. Quando muito, os outros podem ajudar-nos numa ou outra decisão. É pouco inteligente culpar os pais, os professores, os colegas, a esposa, o marido, o sócio... Culpar o passado é ignorar o verdadeiro problema. Não podemos voltar no tempo e fazer um novo início, mas podemos começar de novo e preparar um final como queremos. Nós somos o resultado das nossas escolhas. Não das escolhas feitas no passado, mas das escolhas que fazemos agora.
Comecemos de novo, dizia São Francisco aos seus frades, porque até agora pouco fizemos. É significativo que o santo tenha dito isto no seu leito de morte. Nunca é tarde para recomeçar. Nas páginas do Evangelho encontramos a certeza de que sempre é possível recomeçar: o surdo recupera a audição, o mudo começa a falar, o paralítico anda, o morto volta à vida, à mulher adúltera é devolvida a dignidade. E no alto da cruz, alguns minutos antes da morte, o chamado bom ladrão começa de novo. Ele cancelou o passado complicado e escreveu no verso da folha um poema de santidade.
O ano de 2013 está a chegar ao fim. Para muitos pode ter sido um ano perdido. Não importa, podemos e devemos recomeçar de forma diferente. O tempo de Deus é hoje. O tempo é um presente de Deus, que nos permite começar de novo.
A.C.
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