15 dezembro 2013

Quando poderemos dizer que é Natal?

Quando poderemos dizer que é Natal? 
Quando os preparativos todos se avizinharem do fim
segundo o mapa que nós próprios estabelecemos
ou quando nos acharmos pequenos e impreparados,
à espera do que vai chegar? 
Quando, seguras de si, as mãos se fecharem
sobre tarefas e embrulhos 
ou quando se declararem simplesmente disponíveis
para a reinvenção da partilha e do dom? 


Quando poderemos dizer que é Natal? 
Quando os símbolos nos saciarem com o seu tilintar encantado 
ou quando aceitarmos que tão só eles ampliem
o tamanho da nossa sede? 
Quando nos satisfizer o vento que sopra de feição 
ou quando avançarmos entre contrários
provados pela aspereza e pelo silêncio 
unicamente movidos por uma confiança maior? 

Quando poderemos dizer que é Natal? 
Quando a fronteira do calendário ritualmente nos disser 
ou quando, hoje e aqui, o nosso coração ousar? 

José Tolentino Mendonça

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