06 janeiro 2014

E se o Natal não fosse um dia

O Natal não fracassou. É a recordação de que o amor de Deus não volta atrás ...

Amanhã é Natal. A frase foi recebida com surpresa pelo grupo de peregrinos que se preparava para o jantar, após um extenuante dia de julho, que começara em Nazaré, passara pelo Mar Morto e estava a terminar a 13 quilómetros de Jerusalém. Quem proferiu a frase foi a guia turística Silvana, olhos azuis, cor de jambo, denotando sangue árabe. Ela tratou de explicar: estamos em Belém e, para nós, esta noite é santa e nela festejaremos o nascimento de Jesus. A proposta foi aceite e o sono dos turistas foi povoado pelo canto de anjos, anunciando Paz na Terra. Na manhã seguinte, manhã cheia de luz, o grupo, com roupas de festa, dirigiu-se à gruta de Belém. Recuando dois mil anos, novos pastores olharam silenciosamente para o humilde berço de nosso Deus, não conseguindo impedir as lágrimas.

Numa de suas inesquecíveis canções, Padre Zezinho proclama: “Tudo seria bem melhor, se o Natal não fosse um dia e se as mães fossem Maria e se os pais fossem José! E se os filhos se parecessem com Jesus de Nazaré”. Dois mil anos são insuficientes para entender a magia daquela noite santa, que a Bíblia define como Plenitude dos Tempos.

A nossa grande miopia é supor que o Natal é apenas um dia. Uma noite santa, cheia de bons sentimentos, ternura e presentes. Depois a vida continua da mesmo maneira.

Não longe de Belém, os homens-bomba esperam pelo melhor momento para matar irmãos. Em Belém e em todas as partes do mundo há corações empedernidos pelo ódio, há crianças, doentes e idosos abandonados à própria sorte. Não é este o Natal que Jesus pretendia.

Natal é o anúncio de que o fatalismo e todas as maldições foram derrotados. Natal é o anúncio que uma nova história está em curso. É a História da Salvação. É o anúncio de que o amor misericordioso de nosso Deus nos visitou e permanecerá connosco para sempre.

Natal não é um dia, mas o começo de um tempo novo. Também o batismo não é um dia, mas uma vida. O casamento não é um dia, não é apenas uma festa, mas um amor eterno. O domingo também não é um dia, mas uma pausa para mudar todos os dias da semana.

Há dois mil anos festejamos o dia de Natal e a história humana parece não mudar - ou até muda para pior. Mesmo assim precisamos continuar a celebrar a noite natalina. Apesar da insensibilidade humana, apesar das tragédias e crimes, o Natal não fracassou. É a recordação de que o amor de Deus não volta atrás.

Num dia ainda desconhecido, pode ser nos próximos milénios, o Natal acontecerá de verdade. Por enquanto, precisamos de continuar a festejar o Natal, não como um facto acontecido “naquele tempo”, mas que tem tudo a ver com esse nosso conturbado 2013. Natal é profecia e essa profecia está em curso. Ninguém poderá detê-la.
A. C.

Dia de Reis

 
Vamos fazer um teste...
 
Qual é o nome dos Reis Magos?
 
E que outro nome se dá a esta festa?

Respondam, ficamos à espera!

Bom Ano Novo!


Começar de Novo

Somos o resultado das nossas escolhas. Não das escolhas feitas no passado, mas das escolhas que fazemos agora… ...

Era a última prova do ano. Quase todos precisavam de mais alguns pontos para obter a aprovação. Tratava-se de um curso que funcionava à noite. Na sua grande maioria, os alunos trabalhavam durante o dia e o cansaço tornava-se visível nos seus rostos. Faltavam apenas 20 minutos para o término da prova e um aluno foi falar com o professor. Gostaria de receber uma nova folha e recomeçar a prova, pois o trabalho estava péssimo. Não seria possível uma nova folha, pois todas estavam identificadas, observou o professor, mas sugeria uma alternativa: escrever no verso da folha.
Aceite a proposta, o aluno colocou uma grande cruz sobre o péssimo trabalho feito, mostrando que estava anulado. Depois recomeçou a prova no verso da folha. À hora certa entregou o trabalho e, para surpresa do professor, recebeu uma das maiores notas.

A vida de cada um nunca é uma obra perfeita. Desde os primeiros dias, acumulamos um conjunto de conhecimentos, a partir de experiências feitas, certas ou erradas. Algumas atitudes são facilmente corrigidas, mas nem todas. A partir de certa idade, damo-nos conta de que não existe uma lógica perfeita na nossa vida. Por vezes atiramos a solução mais para adiante, para um amanhã que não chega nunca. Já na segunda etapa da vida, muitos admitem que é tarde demais e deixam o barco seguir assim como está. Se fosse possível recomeçar, fariam tudo diferente...

A nossa vida é o resultado das decisões assumidas, certas ou erradas. A felicidade é o resultado das decisões certas. E não adianta culpar os outros. Nós mesmos somos os responsáveis pelas decisões. Quando muito, os outros podem ajudar-nos numa ou outra decisão. É pouco inteligente culpar os pais, os professores, os colegas, a esposa, o marido, o sócio... Culpar o passado é ignorar o verdadeiro problema. Não podemos voltar no tempo e fazer um novo início, mas podemos começar de novo e preparar um final como queremos. Nós somos o resultado das nossas escolhas. Não das escolhas feitas no passado, mas das escolhas que fazemos agora.

Comecemos de novo, dizia São Francisco aos seus frades, porque até agora pouco fizemos. É significativo que o santo tenha dito isto no seu leito de morte. Nunca é tarde para recomeçar. Nas páginas do Evangelho encontramos a certeza de que sempre é possível recomeçar: o surdo recupera a audição, o mudo começa a falar, o paralítico anda, o morto volta à vida, à mulher adúltera é devolvida a dignidade. E no alto da cruz, alguns minutos antes da morte, o chamado bom ladrão começa de novo. Ele cancelou o passado complicado e escreveu no verso da folha um poema de santidade.

O ano de 2013 está a chegar ao fim. Para muitos pode ter sido um ano perdido. Não importa, podemos e devemos recomeçar de forma diferente. O tempo de Deus é hoje. O tempo é um presente de Deus, que nos permite começar de novo.
A.C.